domingo, 1 de abril de 2012

All Star

Comprou um vestido novo para a festa. Não importava se tinha vários outros vestidos, era seu dia (ou sua noite).

Colocou seu all star preto, e sentiu-se fabulosa. Não importava o que qualquer babaca ia falar sobre aquilo, afinal, não era pra ele que ela estava se vestindo. Tinha o mundo a seus pés.

Recebeu pessoas, dançou, teve um show em sua homenagem. Seus pés não se cansaram, pois flutuou a maior parte do tempo, numa suspensão de seu corpo, do tempo, sua mente num estado alterado de felicidade. Com a quantidade de pessoas presentes, todos os amigos maravilhosos que colecionara durante anos, sentia-se única, como nunca se sentira antes, como nunca havia parado para pensar que era: tão única, tão importante para todos, e especialmente importante para alguns. Era como se todos eles a carregassem, a erguessem mais alto que o sol, e ela pudesse brilhar como deveria.

Eles se foram, aos poucos. Com muitos abraços apertados e agradecimentos, cada um arrancou sua lágrima com sabor de poesia e um olhar que falava muito mais do que se pode expressar com palavras. Ela foi ficando, a festa se foi, mas não de dentro dela. Ela ainda tinha a música batendo junto com seu coração, o sangue aquecendo as maçãs de seu rosto como em um abraço apertado, os ouvidos cheios de vozes, palavras coletadas durante a noite e que jamais esqueceria. Todos os detalhes, firmemente gravados no seu córtex cerebral. E os pés finalmente cansaram, um cansaço que só apareceu naquele momento, como que avisando que a missão fora cumprida e que agora ela teria o merecido descanso.

Ela saiu com os amigos, e em certos momentos em que se encontrava sozinha com seus pensamentos, se perguntava: "bem que podia ser pra sempre assim. Será que isso vai mudar um dia?".

Sim. Para melhor. Ela só não sabe ainda.

E como ela estava linda, com seu vestido negro e All Star combinando. Tem horas que a gente tem que se render.

(para Teh)

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